segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Valor da prestação da casa desceu 20% nos últimos quatro anos

O valor da prestação da casa caiu cerca de 20% nos últimos quatro anos, segundo cálculos feitos pelo Diário Económico. Neste período, os valores médios mensais das Euribor a três e seis meses caíram, respectivamente, de 1,485% e 1,706% para -0,086% e -0,014%, reflectindo as medidas de política monetária tomadas por Mario Draghi desde que assumiu a liderança do BCE, em Novembro de 2011.

 Quatro anos depois, a Euribor a seis meses, o indexante mais utilizado nos contratos de crédito à habitação atingiu pela primeira vez valores negativos. Quem detenha um empréstimo indexado à taxa a seis meses e faça a revisão da prestação no próximo mês verá, pela primeira vez, o valor do indexante em valores negativos. A média deste mês é de -0,014%. Segundo as instruções do Banco de Portugal, quando a Euribor atinja valores negativos, isso deverá ser abatido ao ‘spread’. Por exemplo, quem tenha um ‘spread’ de 1%, irá pagar uma taxa de 0,986% no próximo mês.

 Num cenário em que o valor do empréstimo seja de cem mil euros, com um prazo de 30 anos, um ‘spread’ de 1% e indexado à Euribor a seis meses, o valor da prestação será de 321 euros para quem faça a revisão no próximo mês. Há quatro anos, esse montante era de 405,91 euros. Nesse período, o valor da prestação desceu 20,92%. 

Na maturidade a três meses, e seguindo o mesmo cenário, o valor da prestação fica em 317,17 euros, menos 19,44% que os 394,34 euros verificados há quatro anos. A Euribor a três meses atingiu valores negativos pela primeira vez em Abril deste ano. Já no indexante mais longo, de 12 meses, ainda não está em valores negativos, com a média de Novembro a situar-se em 0,08%. Para quem faça a revisão no próximo mês, e utilizando o mesmo cenário para o crédito, o valor da prestação será de 325,33 euros, menos 23% que há quatro anos. 

 Mais estímulos do BCE?

 Desde 2008, altura em que atingiram máximos históricos, que o valor das Euribor está em queda. Essa tendência levou a que as taxas negoceiem actualmente em mínimos históricos, reflectindo a política monetária do BCE. 

Desde que substitui Jean-Claude Trichet à frente do banco central, Mario Draghi fez vários cortes na taxa de referência do BCE, que está actualmente num mínimo histórico de 0,05%. Além disso, também fez sucessivos cortes na taxa de depósito do BCE, trazendo-a para valores negativos (-0,20%), para desincentivar os bancos a aparcarem a sua liquidez junto do banco central numa tentativa de reanimar o empréstimos interbancários. A juntar a isto, o BCE avançou com um programa alargado de compra de activos, numa tentativa de trazer a inflação para perto mas abaixo de 2%, tal como previsto no mandato do banco central. 

 A expectativa é que o BCE mantenha ou aumente os estímulos monetários, cenário que já foi admitido por responsáveis do banco central. “O BCE tem dado indicações claras de que pretende aprofundar o grau de acomodação da política monetária. Caso esta alteração passe por um corte adicional da taxa de juro de absorção (taxa de depósitos), como é previsível, a tendência será para que as taxas de juro Euribor acompanhem esta evolução, pelo que a situação de taxas negativas até aos seis meses deverá arrastar-se por boa parte do ano de 2016”, explicou recentemente a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho, ao Diário Económico. Isso poderá fazer com que quem detenha créditos indexados à Euribor a seis meses mas que ainda não fez a revisão, possa também vir a beneficiar do indexante negativo.

 Esta semana o BCE realizará a reunião de política monetária. E alguns bancos de investimento antecipam que Mario Draghi poderá indicar um prolongamento do programa alargado de compra de activos além de Setembro de 2016 ou que faça um novo corte na taxa de depósito.
Fonte: Diário Económico

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